No dia 11 de março de 2020, o Diretor-geral da OMS – Organização Mundial da Saúde, declarou oficialmente a pandemia de Sars-Cov 2, a partir de um novo coronavírus, causador da doença Covid-19. De março até a presente data, contabilizamos 6 meses de pandemia. Em toda crise humanitária, seja no âmbito social, econômico, político ou de saúde pública, entendemos em nossa reflexão que as crises humanitárias geram sofrimento mas, paradoxalmente geram muitos avanços.
Muitas vezes, as crises são causadoras de mudanças significativas em todos os setores da sociedade, por exemplo, em relação às formas de consumo, são capazes de provocar a mudança de traços culturais e sobretudo, no trabalho, podem ser impulsionadoras de melhorias nos processos, impactantes estes, até na cultura organizacional de uma empresa. Então, o que pudemos aprender com essa pandemia?
De março a agosto, foram 6 meses em que ao pesquisar sobre o tema, a primeira constatação relevante, refere-se a uma delimitação importante na marcação temporal, sendo esta uma referência para a Ciência, enfim, para a organização temporal dos diversos setores e atividades profissionais: estamos falando da marcação temporal dos séculos.
A historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz, professora da Universidade de São Paulo e de Princeton, em entrevista ao Universa, apontou que era consenso dentre os pesquisadores, a falta de um símbolo para a delimitação do fim do século 20, embora muitos acreditavam que já a então presença significativa da tecnologia em praticamente todas as atividades, era o bastante para representar esse marco.
No entanto, a pesquisadora Lilia, fundamentada na construção teórica do historiador britânico Eric Hobsbawn, afirma que o fim de um século não é determinado em si, pela datação, mas sim, pelo reconhecimento humano em relação à percepção desse mudança temporal, ou seja, ela afirma que é a experiencia humana que constrói o tempo. A pandemia de Coronavirus, tem-se apresentado como esse símbolo representativo abrangente e causador de muitas mudanças percebidas na experiencia humana em todos os sentidos.
Pensando em decifrar algumas tendências, reunimos as mais comentadas nas reflexões divulgadas nas mídias e no meio acadêmico. Com isso queremos compartilhar para cada mudança prevista, no mínimo uma tendência de inovação para você repensar a vida, sobretudo os processos de inovação nas diversas atividades profissionais.
1- Uma guinada em relação às crenças e valores – No ” novo normal”, muitas crenças e valores serão modificados drasticamente. Podemos considerar que dois valores serão mais evidentes : planejamento a longo prazo e senso de prioridade. Esses dois valores representarão a construção de novos caminhos, novos fazeres, novas rotinas, novos consumos. Um exemplo, as pessoas serão mais criteriosas em relação aos produtos e serviços. Irão criar critérios para definir o que é prioridade para a vida e nesse sentido, será uma máxima o minimalismo, o consumo consciente e a economia criativa. Em relação ao planejamento a longo prazo, as pessoas vão assimilar com maior intensidade, escolhas que consolidem um equilíbrio entre a sustentabilidade e a tecnologia. Um exemplo disso é a aplicabilidade na internet das coisas, com vistas a otimizar o tempo na rotina de casa, no trabalho. Mais ainda, é possível pensarmos a aplicação das tecnologias para melhor gestão dos recursos naturais, pensando em situações extremas de gestão de recursos em grandes populações, até mesmo em relação a melhorias na gestão das cidades. As crenças baseadas no fazer instituído pela Revolução Industrial, finalmente serão esquecidas e substituídas por novas crenças baseadas em solidariedade, em compartilhamento, e coletividade em reaproveitamento. O individual da revolução industrial será mantido apenas na sua perspectiva intimista de apropriação de experiencias de lazer e bem estar.
3- Shopstreaming, novos modelos de educação e imersões culturais – a educação assumirá na prática, uma versão disruptiva . Finalmente os gestores na educação, da Educação Básica ao Ensino Superior, da Educação Formal à Educação Continuada, irão compreender a necessidade de inserir metodologias ativas, de considerar as diversas possibilidades de experiencia de aprendizagem por meio da combinação de tecnologias, de formatos híbridos e priorizando conteúdos que retornem a construção de habilidades centradas nos alunos. Os serviços de fomento a conteúdos serão transpostos ao formato digital, com isso se tornarão definitivamente democratizados. O conteúdo democratizado exigirá uma abordagem pedagógica mais crítica, analítica e os conteúdos educacionais, também os culturais, serão portanto facilmente acessíveis e não representarão mais lucro por si só. O que vai diferenciar no setor, é justamente a criatividade e a sensibilidade em fazer desses conteúdos, experiencias únicas de aprendizagem e de lazer. Os serviços de shopstreaming serão consolidados. Isso será uma máxima para também a reorientação de currículos e das produções culturais.
4- Um mundo cada vez mais técnico com créditos ao conhecimento científico – se antes, as tecnologias e a ciência eram acessíveis apenas nos meios acadêmicos e por pessoas com nível socioeconômico elevado, agora, esses dois pilares da sociedade, estarão cada vez mais pensados para serem acessíveis ao consumidor final. O conhecimento estará cada vez mais democratizado e com isso as populações estarão cada vez mais exigentes e criteriosas em relação a qualidade dos produtos e dos serviços. Os governos terão de incluir em suas agendas, composição de equipes altamente capazes de compreender, assimilar e fazer a transposição das tecnologias e da rápida produção científica na gestão das cidades, incorporando novos patamares na gestão pública.
5- Um ser humano no sentido amplo do termo – Espiritualidade, alimentação saudável e equilibrada, autocuidado, interdependência de tudo o que é vivo, responsabilidade social, solidariedade com o outro, com a natureza com os animais, educação emocional, as chamadas habilidades sociais, as softskills = com a pandemia, o ser humano teve que parar para olhar para dentro. O ser humano teve que aceitar sua fragilidade diante do todo, diante da natureza e da incapacidade de planejamento a longo prazo e melhorar essa habilidade. Com o distanciamento social, a humanidade teve que se repensar enquanto ser humano e com isso re-significou o ser e estar no mundo.
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Com tudo isso, pensamos que muitos dos produtos e serviços, serão modificados. Isso quer dizer que novos modelos de negócios exigirão novos olhares a respeito das práticas de gestão, bem como da organização fiscal e contábil.
Contem conosco para caminharmos junto nessa construção: encontre novas possibilidades de customizar a contabilidade que considera esse novo normal.
Texto – Cinthia Guidini, Fotos – Pexels.
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